“O clube tem que ser protagonista”. Fernando Carvalho – Entrevista ao Economia do Futebol.

De volta pessoal, andei meio sumido, mas foi por alguns motivos, no qual a vida exige e o tempo é precioso e disciplinar. Voltando no economia do futebol, várias pessoas pediram, o que me deixa muito feliz, a partir de agora mostro entrevistas que fiz com grandes personalidades do futebol brasileiro. Começando com  a entrevista que fiz com o eterno presidente campeão do mundo Fernando Carvalho, e todo seus pensamento sobre economia e futebol. Fernando está de volta no comando do colorado, em crise de gestão e futebol, Carvalho assume como vice de futebol para alavancar novamente o clube ao qual foi campeão da libertadores e do mundo.
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Entrevistado (a): Fernando Carvalho, Advogado e Ex Presidente Campeão da Libertadores e do Mundial FIFA em 2006 pelo Internacional. 

  • Quanto o futebol mexe contigo de uma forma geral?

O futebol mexe muito comigo, desde meu primeiro assunto de manhã até meu último. Com sete anos de idade já falava de futebol, e sempre foi o Inter. Hoje eu trabalho com futebol, depois de fazer esse trabalho voluntário no Inter como presidente. Faz parte da minha vida. Além disso, hoje eu trabalho para uma empresa, onde faço uma análise de jogadores, treinadores para possíveis contratações. Depois de tanta experiência no futebol, hoje recebo por isso.

  • Qual o lado positivo do futebol na sociedade? Uma partida de futebol nos dias de hoje, é um evento seguro?

Considero sim, bem seguro, eventualmente acontece algo fora de ordem, mesmo os espetáculos mais fiscalizados do mundo, podem acontecer algum distúrbio social, e os jogos do Internacional não é diferente. Hoje os clubes possuem muitos sócios, praticamente todo público é sócio, se tem todo esse controle, na minha visão, é totalmente seguro.

  • Porto Alegre tem dois clubes campeões do mundo de futebol, o ápice de um clube de futebol. O que leva um time a chegar nesse ponto.

Acima de tudo planejamento, ter uma ideia de futebol e gestão. De que é preciso para se ter no grupo, de atletas, terem diretores que queiram trabalhar para o grupo e para instituição sem “guerra de beleza”. O clube tem que ser protagonista, nós estamos buscando um profissionalismo, os clubes europeus são já profissionais, dificilmente isso vai acontecer, mas podemos chegar muito próximo. Montar um grupo com atletas profissionais, e aglutinar suas forças políticas levam a esse ápice, como o Internacional em 2006.

  • A dupla GreNal é duas empresas, com presidentes, conselhos, diretores, receitas, despesas, marketing e clientes. Na tua visão estas empresas têm total transparência e eficiência?

É plenamente transparente, é necessário tu guardar para a competição que existe no futebol, isso não é e nem deve ser, o Internacional é transparente. Todas as questões do Clube são transparentes, há não ser uma contratação de um grande jogador, que até um determinado momento tem que se manter em segredo, mas depois é revelada. Atualmente na gestão do Vitório Píffero, o Inter criou o portal de transparência, isso é necessário. O clube é dos torcedores e não dos dirigentes, a transparência é essencial.

  • Qual a relação da mídia com times de futebol. Existe uma simetria.

Eu, em minha época, sempre tive a melhor sintonia possível com a mídia, não sou daquelas pessoas que não gostam da mídia. Eu só reclamo de notícia inverídica, e de criar tese em fato de que houve.

  • E quanto aos empresários do futebol em relação aos clubes. Existe uma simetria.

Existem empresários bem vindos, até porque o clube é onde os jogadores do qual eles detém direito, vai proporcionar a vitrine para uma futura negociação.  O clube não é refém dos empresários, no final das contas quem comanda tudo é o clube. Sempre os interesses dos clubes devem ser preservados.

  • Por que jogadores estrangeiros conseguem se adaptar fácil e conquistar os torcedores dos times de futebol aqui no Brasil e porque treinadores não têm este mesmo êxito?

Existem as duas coisas, jogadores estrangeiros já deram certos e errados. Coincidentemente jogadores como o D’Alessandro que é um dos ídolos do Internacional, chegaram a um momento que a economia dos clubes brasileiros era muito superior ao do argentino, era um mercado muito atrativo. Forlán e Scocco foram jogadores que vieram em final de carreira, não eram para terem vindos.  Quanto aos treinadores, é questão de cultura, dos idiomas, os treinadores estrangeiros precisam de tempo para aplicar seu trabalho. A questão principal aí é a física, o treinador estrangeiro traz sua preparação física de fora, programa um método diferente devido à cultura. Eu tive um contato direto com isso quando contratei o treinador estrangeiro Jorge Fossati, eles implementam treino físico com bola, isso não dá certo para jogadores brasileiros e pela exigência e carga de jogos aqui. Naquele momento aconteceu uma conversa, e o Jorge aceitou complementar o treino físico do grupo, melhorando o desempenho. Já recentemente, com o Diego Aguirre, o Inter morria fisicamente no segundo tempo. O idioma se torna uma grande barreira, o maior poder de conquista é a palavra, com a palavra eu mostro e conquisto, isso vale para qualquer profissional e treinador

  • Temos uma seleção de futebol pentacampeã do mundo, porque o 7 a 1?

O Brasil de um tempo para cá, já teria que ter mudado a sua visão de o que esta acontecendo no mundo. O Brasil sempre se posicionou no mercado do futebol, como achando que se têm os melhores jogadores, e a visão da imprensa e dos torcedores é de que o Brasil tem que ganhar sempre. Isso é tão grande em todo contexto do futebol brasileiro, que entramos em campo achando que temos que ganhar sempre. Diante desse cenário, o Brasil entrou contra a Alemanha achando que era melhor, e não era, faltou respeito de futebol. Sempre quando não se respeita o adversário, acaba acontecendo esse tipo de tragédia. E vai acontecer de novo, se não mudarmos nossa visão sobre o futebol. O Brasil não é o melhor futebol do mundo, nem da América, e se continuar achando que é, vai ladeira a baixo.

  • A gestão da CBF hoje é falida de planejamento e gestão. A CBF deveria sofrer uma reestruturação? Olhar com mais carinho e planejamento para nossas crianças. Qual tua visão sobre isso.

Isso daria uma palestra. Primeiro a CBF tem uma arrecadação anual de R$100.000.000,00 (Cem Milhões), faria uma revisão no número de clubes por séries. Eu faria cinco séries de dezoito clubes, essa arrecadação seria distribuída pelas séries C, D, E, com um caderno de encargos, onde deveriam investir em categoria da base, infraestrutura para seus jogadores e torcedores. O valor seria distribuído de acordo com a série e a colocação do time no ano anterior. Isso aumentaria a arrecadação destes times consideravelmente.  Novos empregos, com qualificações e ambientes de trabalho ótimos para que os jogadores aprendessem o profissionalismo e competitividade desde cedo. Alguém tem que levantar a ideia.

A próxima entrevista tem o eterno presidente do tricolor gaúcho, Cacalo, que recupera-se de um AVC, força Cacalo.

Um abraço pessoal e fiquem com Deus.

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